MIOPIA DO MUNDO MODERNO:QUANTO VALE OU É POR QUILO?
Por Hilaine Yaccoub
As pessoas reclamam da falta de dinheiro e trabalho.
Mas as pessoas vão a shows caros,continuam se vestindo bem, comendo em restaurantes, viajando para lugares incríveis e por lá fazem compras.
As pessoas pechincham no valor que as faxineiras cobram, e também no pagamento de outros serviços e profissionais quando parte delas a divisão do orçamento, mesmo quando o bugdet é de uma empresa.
As pessoas se justificam pra si mesmas e para o mundo pois merecem ser autopresenteadas, mimadas, recompensadas. Somos todos carentes, entendi.
Pensando bem…Olhamos tudo a curto prazo.
Não há problema algum na fruição de bens e serviços, o critério e a hierarquia do que é mais valioso e preferencial é só seu, e só a você deve fazer sentido.
Explicado isso uma dica:
Quando você negocia o valor de um bem ou serviço seja de um autônomo ou de um produtor local se cria uma relação assimétrica de poder. Você estabelece ali o quanto ele ou seu serviço vale e normalmente você “grita” pra ele que é menos. Você o coloca em uma posição injusta de questionar sua própria importância. Você cria nele um medo de ser substituído que impacta na sua percepção de mundo. Você dá as certezas que nem sempre são reais e eles acreditam. O que cria um aura de incapacidade, ineficiência, desvalorização. E dentro da ética do trabalho que construímos somos o que fazemos, o que se torna um preceito mordaz em tempos atuais. Se sou o que faço e meu trabalho é diminuído pelo valor que lhe é atribuído eu sei que pouco sou, pouco valho, pouco mereço.
É hora de atentarmos para pequenos atos que podem virar a chave. Trazer pequenos tsunamis que podem e vão impactar na vida daqueles que estão ao seu redor. Não adianta vir com argumentos dizendo que “trato bem”, tratar bem não é e nem pode ser tomado como uma vantagem, é um dever. Assim como pagar o justo e em dia. O nome disso é respeito.
Quando você paga o justo a quem te serve ou trabalha com você se muda a história dele. A relação de trabalho é impactada de forma positiva, se estabelece um lugar de prestígio, valorização e reconhecimento.
Por que não diminuir as idas a restaurantes fancy e aumentar o salário da sua empregada? Por que não batalhar por divisões mais justas no orçamento das empresas e valorizar profissionais? Por que não subverter essa ordem que oprime e desmerece?
Por que não sermos disruptivos dentro das nossas relações próximas, as de trabalho e as de casa?
Este é um passo rumo a uma nova economia onde a moeda social precisa valer mais que a gana por obter cada vez mais vantagem.
A moeda social te dá infinitas e imensuráveis vantagens. O problema é que você (e a maioria das pessoas) sofre de miopia, acredite e aposte no humano. Isso fará o seu mundo melhor.